O Que Movimenta o Nosso Mundo Não é o Conhecimento, Mas o que Pensamos Conhecer.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015



NOSSO FACISMO NÃO TEM FACE (AINDA)


É covarde e dissimulado, oportunista e destrutivo. E assim como o resto acha que a solução seja atingir pessoas, individualmente, como se elas pudessem agir à margem do sistema, independentemente, ou como se elas não fossem suceptíveis de serem enganadas, ou ainda como se os contextos não se modificassem. Parece o nosso facismo ser pretensamente praticado por pessoas que não sabem o que estão fazendo, mas têm a intensão muito clara de prejudicar e de violar direitos de outros. Não dá pra imaginar que tenham alguma boa intensão, e nem que ajam por simples opção, isentamente de interesse pessoal e egoista. Mas cuidado, amigos. O facismo não é bem isso, na verdade é muito mais, foi criado na Itália como modelo de governo e considera-se a data de Mussolini: 1922. Adorado pelos italianos durante anos (a guerra começou em 39), foi estigmatizado depois, pejorativamente, como tudo que atrapalhava o domínio do capitalismo rotulado de democrático, e hoje o termo é sinônimo de fanatismo violento e de irracibilidade. Mas o pior é que o nosso facismo não tem face, tem muitas, escondidas atrás de outros rótulos, e da impessoabilidade da internet.

Aliás, esse caráter de víbora não é uma exclusividade de facistas. Podemos vê-lo em muitas atividades, sempre que alguém se esconde ou se mistura com as próprias vítimas. Assim, a política se mistura com falsas ideias entre os coletivos nem tão pensantes, o crime organizado usa a população trabalhadora como escudo ou alvo, os terroristas se escondem atrás de dogmas e interpretações religiosas, que não têm aceitação nem mesmo da maioria dos seus semelhantes, e de alguma forma todos acabam usando meios violentos e covardes, porque de outra forma não atingiriam seus objetivos. O nosso facismo vai por esse caminho. Não temos por aqui um governo que se possa tachar de facista por seu modelo de governo, mas temos muitos facistas na política, em vários partidos, como sempre oportunistas insidiosos, mas não são (AINDA) um regime de governo. E então muitas pessoas que querem apenas se manifestar e não governar, chafurdam nos seus alegados direitos democráticos.

Meus amigos, as ideologias nada podem produzir, são apenas organização de ideias. As pessoas que as usam é que fazem delas rótulos enganosos, para justificar seus enganos. As ideologias só tem sentido para o conjunto, mas são usadas para interesses particulares. O que as distingue e caracteriza é a sua integridade, contudo, o que se tem feito é cortar fatias de uma delas, ou de algumas, e proclamar que são ideologias, conforme a conveniência das pessoas que escolhem as fatias. E por paradoxal que fosse, eu talvez apoiasse! Desde que pudesse enxergar nessa salada uma priorização do bem comum, em vez de inúteis sectarismos. O facismo também é uma ideologia e um modelo de governo, assim como o comunismo, ambos hoje pichados de valores pejorativos, para o bem dos planos imperiais dos grandes capitais americano e judeu, desde o fim da segunda grande guerra. Mas esse processo de extermínio ideológico dissimulado, com fantasias resistentes a bala e outros superpoderes, produz também a própria criptonita, assim como o pretenso desenvolvimento tecnológico social produz lixo contaminoso. Se a prioridade dos governantes e dos que lucram fosse o bem comum, se os poderes de governo fossem harmônicos, congruentes com as soluções que deviam sentir-se obrigados a promover, essas mentiras institucionalizadas e oferecidas como solução não criariam raízes, não dariam frutos amargos, e não veríamos um dos chefes do Congresso Nacional dizer que "rompeu" com a chefe do Estado, como se essa figura jurídica existisse, num churrasco, no seu quintal familiar. Ora, rompesse, não seria por falta de motivos. Mas antes renunciasse, e então, como cidadão comum, teria esse direito.

Afinal, nada acontece apenas porque essa ou aquela pessoa queira fazer. Todos, sem exceção, estão submetidos, no mínimo, ao conjunto de fatores que lhes escapam do controle, por mais que tentem evitar. E é isso que justifica os caráteres violento, enganador e destrutivo: as necessidades de sustentar ambições particulares, de submeter obstáculos, de subverter a multiplicidade, e tudo se justifica pelo falso direito de obstinação inconsequente do ego. A exclusão da livre competitividade foi um erro das ideologias socialistas, e a sua exacerbação um erro do liberalismo, todavia o erro que não se corrigiu foi outro, o falso conceito de que o Estado tem direitos acima dos da sociedade. Falso direito pai do filho igualmente degenerado, o direito da competitividade dentro do Estado, como se não houvesse o compromisso com o bem ou o interesse comum da sociedade, múltipla como ela tem de ser. composta de trabalhadores e patrões, de consumidores e capitalistas, de eleitores e políticos.

O que tenho proposto aos meus amigos é a seguinte reflexão: o pano de fundo de tudo isso que está acontecendo é um sistema de falsos conceitos, e não de políticos, de capitalistas, de verborrágicos e interativos internautas. Este sistema contamina a lei e as ações de todos os poderes, oferecendo respaldo sistêmico. Ninguém cometeria tantos absurdos se não houvessem as convicções de que permaneceria impune, de que outros se calarão, de que o sistema é institucionalizado, de que a massa é ingênua, desmemoriada e moldável, e pior, que é bem representada pelo caráter do político médio, que afinal ela elege. Esse sistema que, por exemplo, permite que alguém, bastando ser brasileiro e alfabetizado, se candidate ao legislativo oferecendo como compromissos seus ações do executivo, tem de ser corrigido antes de qualquer outro resultado. Temos um Estado mórbido e alucinado, assim como as instituições associadas. Precisamos sarar esse câncer político e social, porque só a instituição sadia poderá promover as mudanças de que necessitamos, por suas próprias funcionalidades sadias, seu fisiologismo sadio.

Quando os conceitos falsos forem trocados por conceitos corretos e justos, as pessoas e as instituições se realinharão, no mínimo por suas próprias necessidades. Precisamos resguardar não as liberdades mas o uso delas, criar mecanismos para isso. As pessoas precisam aprender a ter e usar direitos, a conviver com a diversidade, inclusive com o facismo. Não podemos esperar soluções que julguemos direitos produzindo sectarismo e exclusão, ou seja, direitos de outros, as soluções têm de ser para todos. Eleger individualidades, quer para elogiar quer para sacrificar no nosso lugar, não produzirá nenhuma solução permanente. Usar as faces de um Tiririca ou de um Chico Buarque, as suas qualificações, convicções e outras privacidades, para formar e manipular opinião criminosamente, ou qualquer outro mecanismo criminoso, não produzirá solução institucional e dignidade. Não precisamos disso, mas sim de um sistema de conceitos que não dê margem e estimule coisas assim, por impunidade. O exemplo do uso correto das liberdades, que custaram tão caro a tantos jovens e patriotas brasileiros, tem de partir de cima, pela institucionalização de conceitos justos e honestos, e pela absoluta priorização da demanda de necessidade pública, em lugar dos direitos particulares dos que deveriam se dedicar aos direitos da sociedade.

Quem ganha para apagar incêndios é o corpo de bombeiros. O legislativo ganha para tratar do condicionamento jurídico das relações entre as pessoas e instituições, e delas entre elas, não para governar, e se há leis que degeneram os poderes foram feitas por legisladores degenerados, ou desqualificados para sua função. Quem ganha para governar é o executivo técnico, segundo critérios técnicos (e não políticos). E quem ganha para assegurar o condicionamento estabelecido é o judiciário. Seria simples, se o sistema de conceitos praticados não permitisse a competitividade entre poderes, que inviabiliza a unidade de um Estado, que não é facista mas não tem face reconhecível, porque criaram um regime de governo híbrido, fantasiado de presidencialismo democrático, para enganar a preferência popular conhecida e comprovada nas urnas. Condenemos a todos os criminosos, é o justo. Mas a todos, e aos criminosos, e sem regalias e privilégios que suavizem a penalidade. Mas tenhamos muito cuidado com o uso do populismo irresponsável, mais do que com os programas demagógicos. Depois de vários anos amado e com índices altíssimos de popularidade, o Duce, apelido carinhoso e popular de Mussoline, acabou fuzilado junto com sua amante (que podia ter fugido) por rebeldes, e seus corpos foram expostos desrespeitosamente no teto de um posto durante dias, para execração pública.

Amigos, sectarismos e violência nunca foram solução permanente. Temos nesta terra tudo que precisamos, naturalmente. E as únicas soluções de que necessitamos são para todos, de todos e por todos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário