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terça-feira, 8 de dezembro de 2015



O POSICIONAMENTO E A CONTRIBUIÇÃO JUSTOS


Refletir sobre o caos que vivemos, sobre como devo me posicionar e sobre como posso contribuir para um estado melhor, mais evoluído, de todos e do meio que criamos, é para mim uma tarefa desafiante por várias razões. E em boa parte a culpa é minha, dos meus princípios e da minha natureza. Claro que não são privilégios meus, cada um tem a sua individualidade, mas não me vejo o tipo do sujeito popular, simples demais, fácil demais. Uma vez, lá se vão décadas, um dos meus chefes me disse que eu era exigente demais comigo mesmo. Hoje penso que ele tinha a sua razão, e isso talvez explique a maior parte, em vez do quanto exijo de outros. Coisa difícil, isso de enfrentar e mudar nossa própria natureza. Passam as décadas... Mas parece que os sentidos que vejo na vida não passam. Não vejo sentido útil em ver as coisas por um prisma excludente, tudo tem vários lados e cada parte só tem a sua consistência completa em relação ao todo.

Voltando ao cotidiano incerto e conflituoso que estamos vivendo, a minha resistência em ser popular ou fácil tem um motivo que salta aos meus olhos críticos: não há certos ou errados, mas certos e errados. Não é possível ser justo olhando apenas para uma parte. Não tínhamos tantas liberdades, mas hoje não sabemos usá-las. Tínhamos alguns poucos partidos, claramente definidos, bem mais coerentes, estáveis e compreensíveis; propriedades que não duram ou nem existem na multiplicidade inútil de hoje. E sobretudo, todas as dificuldades tinham um só e grande autor, culpado, vilão, algoz, enganoso, insidioso e dissimulado para conseguir o pouco que ainda lhe faltava de poder, enfim... Os portadores das nossas esperanças daqueles tempos, justo os que sobreviveram (não havia grantias disso), hoje ainda estão nas manchetes, só que são manchetes vergonhosas para os que acreditaram nos seus discursos, e em grande proporção são agora os seus algozes.

As instituições privadas relacionadas à função pública, ou que exploram a demanda de necessidade pública, que podiam e deviam suprir em parte a deficiência do Estado, parecem se recusar a cumprir um papel social mais efetivo, ou optar sempre pela alternativa dos seus lucros e interesses particulares diversos. Nestes tempos em que a tecnologia nos largou como ninhadas em cestos, às portas das mídias de massa, a informação (ou a desinformação) tornou-se não uma opção de cardápio, mas uma droga não proibida, sob rótulos muito pouco confiáveis, enquanto se proibem tantas coisas para beneficiar e manter o Estado incompetente, e não necessariamente a população contribuinte.

O posicionamento e a contribuição justos não seriam suficientes para nos assegurar as soluções que precisamos. Mas a sua ausência promove os sectarismos revoltosos e impulsivos, desordenados e improdutivos para o todo, a manipulação de coletivos que querem participar mas não sabem como fazê-lo, a não ser violando direitos de todos em nome dos seus pretensos direitos particulares. Podemos crer que um dia sairemos pelo outro lado do túnel, mas então com certeza muitos empurrarão a celebração para depois. E se hoje alguns celebram pequenos resultados, ainda não se deram conta da responsabilidade que lhes pesa nos ombros, e nem do sofrimento que causam a tantos durante o percurso, simplesmente porque só se importam com os seus objetivos pessoais mesquinhos. Investir-se do poder do Estado para satisfazer a si próprio, mesmo que apenas por vaidade e sem enriquecimento, talvez não seja crime de responsabilidade fiscal... É de responsabilidade total.





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