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quarta-feira, 2 de dezembro de 2015



PLANEJAMENTO, GARANTIA DE LEGITIMIDADE DO ESTADO


Até a revolução industrial, as economias eram familiares e de subsistência. Vieram as explosões da industrialização, da mão de obra, das populações e do consumo, e dentre tantas outras coisas veio a concorrência. Então simplesmente contabilizar o que uma empresa havia realizado, mantendo o olhar para dentro, passou a não ser mais suficiente, do ponto de vista do gerenciamento. Era preciso fazer mais que retratar para tornar-se competitivo. Hoje, nenhuma empresa tem chance de competir sem planejamento, e as de maior amplitude não podem prescindir da última versão: o planejamento estratégico, aquele que tem também o olhar para fora, para o que potencialmente venha interferir dentro.

Para as coisas mais importantes, a técnica de planejar escapuliu do âmbito das necessidades de concorrência. Tanto que agora temos que "gerenciar" as compras do mercado e os juros do cartão, entender o que significa as unidades kw/h (quilowats por hora) na conta de energia elétrica, e Gbytes (gigabaites) na de internet, além de muito mais. Tudo porque são retratações, e portanto constituem fatos, coisas que não podemos mais modificar.

Sim, claro, fazer planejamento não muda esse caráter das nossas contas, mas viabiliza o tratamento de tudo, consolidado em uma visão panorâmica, de contexto, pela qual será fácil avaliar cada particular, e como se encaixa. E assim as próximas retratações terão os seus fatores identificados, bem como as responsabilidades, e será possível ter uma perspectiva técnica, porque se estruturou a diversidade de uma forma compreensível!

Isso faz uma falta tão grande, no nosso quintal, na escola das crianças e noutras coisas comezinhas, e sobretudo seria tão vital no exercício do poder público, atribuiria tanta consistência à representatividade do voto, enfim... É literalmente impossível conhecer a demanda de necessidade pública, de centenas de milhões de contribuintes compulsórios, nação de um país de dimensões e complexidades continentais, na ausência de um planejamento tecnicamente elaborado, e não politicamente.

Não é honesto que se prometa resolver o que quer que seja isoladamente. Todos votam e todos pagam, muito generosamente e antecipadamente, todas as soluções já foram adiquiridas. Mas não foram entregues e não se oferecem perspectivas de entrega. E pior, mentem os que alegam ser assim mesmo. Enganam os que afirmam não haver dinheiro, que falta água ou outro recurso natural.

Falta o indizível pelo gestor, a vergonha na sua cara, mas sobra tudo que devia estar contemplado em um planejamento, com objetivos, critérios e encadeamento de ações de governo, e tudo que permitiria perspectivas avaliáveis. Ainda temos um dos maiores PIB do mundo, e uma das maiores arrecadações de impostos. Ainda temos a maior bacia hidrográfica e nossas florestas são pulmão do mundo. Temos milhares de quilômetros de litoral, com duzentas milhas, onde se reproduzem, sem esforço nosso e qualquer custo, proteínas que alimentariam toda a humanidade, e a míseros sete mil metros de profundidade (considerando seu potencial), temos mais mananciais de energia, que parecem inesgotáveis.

Tecnicamente falando, e jamais politicamente: falta planejamento. Agora, politicamente falando: faltam votos nulos que asseverem democraticamente, o erro de subestimar a inteligência do patriotismo. Muito menos do que 51% deles, já obrigaria às mudanças do sistema de falsos conceitos.

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