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quinta-feira, 3 de dezembro de 2015



O GOLPE DENTRO DO GOLPE


Com enorme frequência ouvimos e lemos falarem em golpe, referindo-se à determinação política de desalojar a presidente e o seu partido, numa clara manifestação de inconformismo pela preferência popular, que elegeu representantes do mesmo partido em quatro pleitos sucessivos. O desgaste desta guerrilha política chegou a um estágio insustentável. É preciso fazer o Estado saber do serviço à nação, antes que ela não acredite mais no Estado, e a representatividade se degrade de enganosa para inexistente.

Nesse cenário que vivenciamos, provavelmente às portas de um penoso processo de impeachment presidencial, podemos prever que a formação de opinião pública será estratégia chave, mas não bastará que tenhamos opinião. Devemos todos dispensar mais tempo para a leitura e a compreensão do que realmente está sendo feito neste país, com a isenção que o benefício comum necessita, porque quem faz sabe que precisamos ler mais, e se aproveita disso em benefício próprio.

Ninguém deve se auto-excluir por achar-se pouco técnico. Há técnicos demais neste país, com responsabilidade demais. O que falta é conceito. O conjunto de conceitos que vem sendo praticado é um sistema ideológico poderoso e controlador, um híbrido ideológico semelhante a uma colcha de retalhos, que favorece grupos pequenos com prejuízo de outros, imensos, que entretanto pagam a conta. Se este sistema de conceitos não for desalojado do poder, será inútil ficar trocando nomes, de pessoas ou partidos, porque ambos são rótulos que não especificam o conteúdo que efetivamente praticam.

Este momento é precioso para a reunião de intelectos congruentes, mandatários ou não, com objetivos comuns vistos pela perspectiva da qualificação de cada elemento. A título de exemplo, pode-se sugerir a leitura do documento composto pelo movimento "Por um Brasil Justo e Democrático", cujos volumes já estão disponíveis, em dois volumes e no formato de dados PDF, nos seguintes links:

POR UM BRASIL JUSTO E DEMOCRÁTICO - Volume 1
POR UM BRASIL JUSTO E DEMOCRÁTICO - Volume 2

O entendimento do sistema de conceitos que se pratica, poderá passar ainda pela leitura da Constituição de 1988. Nela se verá claramente a intensão de aumentar o poder de governo do congresso nacional, além do poder de legislar, com perda ou dependência do poder executivo. Isso representou o estabelecimento de respaldo constitucional para a migração para um regime parlamentarista, contrariando dissimuladamente a vocação e a preferência popular comprovada por plebiscito.

O conceito não está explícito na lei, mas é o que se pratica. Por exemplo, o legislativo pode competir com o executivo, e não apenas fiscalizar. E assim sendo, o presidente da câmara (congresso nacional), eleito indiretamente por deputados, pode praticar chantagem para impedir a investigação de que está sendo alvo. Para isso guarda na sua gaveta pedidos de impedimento da presidente, eleita por milhões de eleitores, além de afirmar conhecer informações que derrubariam a muitos. E a comissão de ética da casa balança, porque também está submetida ao sistema de conceitos.

O golpe a que todos se referem se constitui da tentativa de derrubar o inimigo, quando não poderia haver um inimigo dentro do Estado. E é apenas mais um desdobramento do golpe mais amplo: o golpe parlamentarista que, inclusive, inseriu na constituição que o congresso nacional tem o poder de solicitar uma intervenção militar, federal, ou seja, de um órgão subordinado à chefia do Estado, a presidência, a inimiga do parlamentarismo. Onde está o conceito nesta barafunda?

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